PRESIDENTE BIDEN, A CULPA É DOS TUGAS!

Angola registou, nas últimas horas, cinco mortos, três desaparecidos e seis feridos, provocados por fortes chuvas nas províncias de Luanda, Bié, Huambo e Cuanza Norte, segundo dados dos bombeiros. Joe Biden terá pergunta ao seu homólogo angolano o que se passava. A culpa é dos portugueses, explicou o general João Lourenço.

De acordo com o balanço das últimas 24 horas do Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros, quatro pessoas da mesma família morreram no Bié, atingidas por uma descarga eléctrica, tendo a quinta pessoa falecido no Cuanza Norte.

Quanto aos desaparecidos, duas crianças, de 4 e 7 anos, estão desaparecidas no Cuanza Norte, arrastadas pela força das águas, e uma terceira pessoa, em Luanda, quando ajudava populares a atravessarem uma vala de drenagem. Os feridos são da província do Huambo, em consequência do desabamento de uma casa.

As chuvas provocaram também inundações, destruição e desabamentos de casas, infra-estruturas sociais, queda de árvores, deixando ainda intransitáveis várias vias principais, secundárias e terciárias.

No mesmo período, foram registadas chuvas moderadas, sem danos humanos e materiais, nas províncias de Benguela, Uíje, Lunda Norte, Zaire, Cuando Cubango e Malanje.

A província de Luanda, capital de Angola, registou chuvas por todo o seu território, acompanhadas de ventos fortes e trovoadas, que resultaram em desabamentos, danificação de bens e inundações.

Os dados apontam para um total de 576 pessoas afectadas devido a inundações, uma centena de habitações danificadas, com o registo de estragos em postos de energia, igreja, progressão de ravinas, alagamento de vias, que condicionam a circulação de pessoas e bens, bem como o deslizamento de terras.

E O CULPADO É, SÓ PODE SER…

Entendamo-nos. Tudo o que de errado se passa em Angola foi, é e será – por ordem cronológica – culpa dos portugueses, da UNITA, dos activistas e, já agora, do Folha 8. A independência poderia ter chegado há 500 anos mas só chegou há 49. A culpa é dos portugueses. João Lourenço poderia ser loiro, mas não é. Manuel Gomes da Conceição Homem poderia ser competente, mas não é. A culpa é dos portugueses e similares arruaceiros. Angola poderia ser um dos países menos corruptos do mundo, mas não é.

Em tempos recentes, o ex-Presidente da República (que só esteve no poder há 38 anos) considerou que a província de Luanda vivia “graves problemas decorrentes da situação complicada herdada do colonialismo, mormente no domínio das infra-estruturas e saneamento básico”.

Sua majestade o rei de então, como certamente o monarca de hoje dirá a mesma coisa, intervinha na abertura de uma reunião técnica, dedicada à problemática dos constrangimentos sócio-conjunturais da cidade capital, e que juntou alguns membros do Executivo e responsáveis da província em busca de fórmulas mais consentâneas para a implementação dos projectos decorrentes de programas aprovados há alguns anos.

Segundo o nosso “querido líder” de então, os 30 anos de guerra que o país viveu (por culpa dos portugueses, é claro) não permitiram a mobilização de recursos humanos e financeiros para satisfazer todas as expectativas das populações.

Para Eduardo dos Santos, os desafios eram enormes, as despesas cresceram muito e, em certos casos, “superam a nossa capacidade”, daí a necessidade de recorrer-se à sabedoria no domínio da gestão parcimoniosa.

José Eduardo dos Santos disse também ser preciso trabalhar com base em prioridades “atacando os problemas essenciais”, que, por sua vez, permitam a resolução de outros, decorrentes dos eixos fundamentais. Na sequência, o seu ministro da Defesa (João Lourenço) chegou a Presidente e em vez de ser incompetente às vezes, passou a ser sempre.

Antes dessa reunião, no Marco Histórico “4 de Fevereiro”, no município do Cazenga, com titulares das pastas da Construção, Transportes, Planeamento e Desenvolvimento Territorial, Urbanismo e Habitação, os secretários de Estado das Águas e do Tesouro, entre outros responsáveis, o “querido líder” cumpriu uma jornada que o levou às obras de intervenção na zona conhecida como da “Lagoa de São Pedro”, na comuna do Hoji-Ya-Henda, assim como a algumas vias rodoviárias, que supostamente iriam conferir melhores condições de vida às populações.

Nessa época (Março de 2017), entrou em acção o director do Pravda do MPLA (Jornal de Angola), explicando que “no ano de 2015, de grande significado para os angolanos, a empresa lusa Mota-Engil foi contratada para reabilitar todos os passeios e ruas da cidade de Luanda”.

Até aqui tudo normal. Mas seguiu-se a reprodução do argumentário de José Ribeiro: “Durante as obras, a construtora vedou com alcatrão toda a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas. Quando nesse ano as fortes chuvas chegaram, as ruas ficaram transformadas em rios e no sítio dos esgotos abriram-se crateras que ainda hoje se vêem.”

Então a Mota-Engil “vedou com alcatrão toda a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas”? Isso é coisa que se faça? A ideia de José Ribeiro seria dar razão ao seu patrão quando este falava da “situação complicada herdada do colonialismo, mormente no domínio das infra-estruturas e saneamento básico”. Mas, convenhamos, poderiam não ter vedado “com alcatrão toda a rede de esgotos, sarjetas e valas de drenagem das ruas”.

Depois disso, o Pravda ou Boletim Oficial do regime, formalmente tratado por Jornal de Angola, recebeu da empresa Mota-Engil Angola, com pedido de publicação, a seguinte carta, a propósito do artigo “Mensagem de harmonia em dia de Natal”, assinado por José Ribeiro, na coluna “Palavra do Director”:

“No passado dia 25 de Novembro, lemos, como habitualmente, o Jornal de Angola e no seu editorial, sob o título ‘Mensagem de harmonia expressa em dia de Natal’, vimos uma crítica à Mota-Engil Angola, que não compreendemos e cujo fundamento também não vislumbramos.

Perante este texto, vimos ao seu contacto para esclarecer os factos e solicitar que a realidade seja divulgada pelo Jornal de Angola, em defesa da verdade e do bom nome da empresa. Assim, refira-se que:

1. A Mota-Engil Angola é uma sociedade de direito angolano, e uma parte significativa do seu capital é detida por reputadas entidades nacionais. Tanto a sua administração como as várias direcções integram cidadãos angolanos e muitos dos seus quadros construíram a sua carreira na empresa.

2. Especificamente em Luanda, muitos foram os projectos que executámos ao longo dos anos, como por exemplo a nova Baía de Luanda. Em 2015, a Mota-Engil realizou, em devido tempo, a 1ª fase de recuperação das Ruas de Luanda, uma obra exigente do ponto de vista técnico pela intervenção em zona urbana. Esta recuperação decorreu, assinale-se, de forma colaborativa com a população luandense.

3. Refira-se que esta obra foi concluída em tempo da comemoração dos 40 anos da Independência da República, um compromisso de elevada responsabilidade ao qual respondemos integralmente.

4. Com a concretização dos objectivos previstos para a 1.ª fase de recuperação das Ruas de Luanda, a Mota-Engil Angola foi reconhecida como entidade seleccionada para a execução da 2ª fase, intervindo em outras Ruas não incluídas na primeira intervenção. Naturalmente que o cumprimento dos requisitos de qualidade técnica na 1ª fase foram determinantes para que tal pudesse acontecer.

5. Pelo exposto e pelas manifestações de satisfação das entidades públicas e de cidadãos que temos recebido a propósito dos trabalhos que executamos nas ruas da nossa cidade, não entendemos as críticas que nos foram efectuadas no Vosso Editorial e muito menos entendemos qualquer associação dos trabalhos realizados por esta empresa ao surgimento de um surto de febre-amarela. Em nada contribuímos para este, tendo, bem pelo contrário, apoiado as várias medidas adoptadas por entidades oficiais para a sua erradicação.

Reconhecendo o trabalho do Jornal de Angola, estamos certos que, reavaliados os termos com que a Mota-Engil Angola foi tratada neste excerto do editorial, merecemos a devida reposição dos factos, em prol da verdade e da isenção de que somos todos defensores.

A Mota-Engil iniciou a sua actividade em Angola em 1946 e tem uma presença ininterrupta activa há 70 anos no País. Consideramos ter dado provas, neste percurso, de um forte compromisso com o desenvolvimento Nacional, o que, felizmente, tem merecido o reconhecimento por parte das entidades e dos cidadãos angolanos que têm confiado na empresa para a realização de obras de relevante importância para o desenvolvimento do País.”

Folha 8 com Lusa

Artigos Relacionados

Leave a Comment